Mais Médicos: Inclusão, Equidade e Expansão no 38º Ciclo do Programa de Saúde Pública Brasileira

Cerca de 95% dos profissionais do Mais Médicos foram formados no Brasil

O programa Mais Médicos foi lançado em julho de 2013, durante o governo de Dilma Rousseff, para enfrentar a carência de profissionais de saúde em regiões remotas e periferias de grandes cidades no Brasil. A iniciativa surgiu como resposta a uma demanda histórica por maior presença de médicos em áreas com vulnerabilidade social, especialmente na atenção básica. 

O programa também buscou fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), levando atendimento de qualidade para populações que enfrentavam dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Desde sua criação, o Mais Médicos tem sido essencial para garantir o atendimento em regiões antes negligenciadas, e a cada novo ciclo, como no recente 38º edital de 2024, reafirma seu compromisso com a equidade na saúde pública brasileira.

O Mais Médicos é um dos pilares fundamentais da saúde pública no Brasil, principalmente nas regiões mais carentes de assistência médica. Recentemente, o programa lançou o edital para o 38º ciclo, ofertando 3.177 vagas e recebendo um total impressionante de 33.014 inscrições. Este ciclo destacou a forte presença de médicos formados no Brasil, com 95% das vagas sendo preenchidas por profissionais com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Brasil.

Participação expressiva de brasileiros formados no exterior

Entre os inscritos, uma pequena porcentagem, 5%, foi preenchida por brasileiros formados no exterior, refletindo um perfil que tem ganhado espaço nos últimos anos. Dos 33.014 inscritos, 3.079 se inscreveram como cotistas, representando 9,3% do total. Desses, 382 candidatos (12,4%) se inscreveram para vagas destinadas a pessoas com deficiência (PcD), enquanto a maioria, 2.741 candidatos (88%), optou pelas cotas étnico-raciais.

Perfil dos inscritos e distribuição por sexo

Outro dado interessante é a predominância das inscrições femininas. Das 33.014 inscrições, 18.782 foram de mulheres, representando 56,9% do total, enquanto os homens somaram 14.196 (43%). Uma pequena fração de 36 inscrições (0,1%) não especificou o sexo.

Os inscritos foram divididos em três perfis: o perfil 1, que compreende médicos com CRM no Brasil, foi o mais prevalente, com 15.699 inscrições (47,5%). O perfil 2, formado por brasileiros graduados no exterior, totalizou 13.467 inscrições (40,8%), e o perfil 3, composto por estrangeiros formados no exterior, somou 3.848 inscrições (11,7%).

Preenchimento quase total das vagas

O resultado final do edital foi extremamente positivo, com 99,9% das vagas preenchidas, restando apenas uma vaga em São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, sem ocupação. A maioria dos profissionais alocados pertence ao perfil 1 (95%), enquanto os demais (5%) vieram do perfil 2. Comparado ao 28º ciclo, houve um aumento na proporção de médicos com CRM no Brasil, que antes representavam 84,7% das alocações.

Diversidade racial e inclusão social

A diversidade racial foi um ponto relevante no 38º ciclo, com 53,9% dos selecionados se autodeclarando brancos, 42,2% negros (32,9% pardos e 9,3% pretos), 3,4% amarelos e 0,5% indígenas. Além disso, 425 profissionais utilizaram o sistema de cotas étnico-raciais, sendo a maioria deles negros. Entre os alocados, 129 são pessoas com deficiência (PcD).

Pela primeira vez, o quesito orientação sexual foi analisado, trazendo um retrato mais inclusivo da diversidade presente entre os profissionais de saúde do Brasil. A maioria, 85,3%, se declarou heterossexual, enquanto uma parcela significativa preferiu não informar sua orientação (7,7%).

Distribuição geográfica

A alocação dos profissionais do programa Mais Médicos também é um aspecto estratégico, visando reduzir as desigualdades regionais no acesso à saúde. A maior parte dos médicos será destinada à região Nordeste (34,7%), seguida pelo Sudeste (26,9%) e Sul (21%). Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia receberão o maior número de profissionais, com 457, 275 e 246 vagas preenchidas, respectivamente.

Aumento de profissionais e melhorias no programa

Desde a retomada do programa em 2023, o governo federal busca garantir a presença de profissionais de saúde em áreas de difícil acesso e maior vulnerabilidade social. O número de profissionais em atividade pelo Mais Médicos cresceu 93,83% desde o início do governo Lula, elevando para 24.894 o total de médicos atendendo em todo o Brasil até junho de 2024.

Além do aumento de profissionais, o governo tem investido em melhorias para os participantes do programa. Esses médicos agora podem contar com oportunidades de qualificação, como especialização e mestrado, por meio da Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde, fortalecendo ainda mais a atenção à saúde da família e à comunidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).


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